Crianças podem portar o novo coronavírus sem desenvolver a doença



Por Fernanda Machado (estagiária)*

Uma das crenças acerca do novo coronavírus é a de que crianças estão naturalmente protegidas contra ele, o que explicaria o fato de que, quando infectadas, os sintomas apresentados são mais leves ou até mesmo inexistentes. De acordo com Dra. Paula Lustosa Guzzo, Presidente do Departamento Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj), essa informação não procede.

– A doença é nova em todo o mundo, por isso, ainda não existem estudos suficientes sobre ela. Justamente por serem menos afetadas, temos pouca experiência na observação de pacientes pediátricos – considerou.

A médica também alertou que, mesmo sem estar doente, a criança pode portar o vírus, sendo um vetor de sua propagação. Segundo ela, esse é um dos motivos pelos quais o isolamento social é tão importante.

Além do isolamento e dos hábitos constantes de higienização das mãos, o Ministério da Saúde passou a recomendar o uso de máscara na rua. De acordo com a Dra. Paula Lustosa, o público infantil deve usar.

– Crianças maiores de dois anos também devem usar máscara. Antes disso, não há necessidade – afirmou.

Quanto à relação do número de crianças de uma população com a taxa de infectados pela Covid-19, a especialista declarou que não há estudos que comprovem tal relação. Porém, se considerarmos que as crianças podem ser portadoras assintomáticas, isso poderá influenciar o número de contágios.

É sabido que os grupos de risco do novo coronavírus englobam asmáticos, diabéticos, pessoas com problemas cardíacos, entre outros. O mesmo se aplica ao público infantil.

– É preciso entender que crianças portadoras dessas doenças representam um grupo de risco, não só para Covid-19 como também para as demais infecções respiratórias – ressaltou a médica.

Outra questão que tem preocupado pais e responsáveis é a saúde mental dos pequenos nesse período de quarentena. O afastamento da escola, dos amigos, das atividades e das brincadeiras ao lar livre pode afetar seu psicológico. Em relação a isso, Dra. Paula Lustosa disse que esse período, provavelmente, trará consequências psicológicas para todos.

– Os pais devem conversar com as crianças de acordo com sua maturidade e grau de entendimento. Além disso, é importante criar uma rotina, disponibilizar um ambiente adequado para atividades de ensino à distância e promover lazer dentro das possibilidades da casa. Não temos como prever os impactos em longo prazo, só sabemos que eles existirão – encerrou.

*Sob a supervisão de Juliana Temporal

Acesso em: http://observatoriodasauderj.com.br/criancas-podem-portar-o-novo-coronavirus-sem-desenvolver-a-doenca/?ref=4