Adenoamigdalectomia não elimina problemas respiratórios do sono em crianças com respiração oral



Por: Teresa Santos (colaborou Dra. Ilana Polistchuck)

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificaram que a pressão sistólica da artéria pulmonar diminui significativamente em crianças com respiração oral após realização de adenoamigdalectomia. No entanto, em muitos casos, a cirurgia parece ser insuficiente para alcançar a resolução completa dos problemas respiratórios do sono e a normalização do índice de apneia obstrutiva e hipopneia (IAH).

O trabalho foi publicado na edição de maio do periódico International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology.[1] A Dra. Cláudia Pena Galvão, médica especialista em otorrinolaringologia e medicina do sono e autora da pesquisa falou ao Medscape sobre o tema.

A pesquisa prospectiva foi conduzida com crianças atendidas no Ambulatório do Respirador Oral do Hospital das Clínicas da UFMG entre 2013 e 2017. Ao todo, foram incluídos 21 pacientes respiradores orais com indicação cirúrgica, sendo 11 meninos e 10 meninas que tinham entre quatro e nove anos de idade.

Os pesquisadores avaliaram pressão sistólica da artéria pulmonar, fluxo nasal e IAH no momento da indicação cirúrgica e 18 meses depois. No início do estudo, 61,9% das crianças avaliadas tinham IAH compatível com síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS).

Dos 21 participantes, 14 foram submetidos à cirurgia e sete não realizaram a intervenção, sendo utilizados como grupo de controle.

A adenoamigdalectomia não foi feita nesses sete pacientes devido a questões burocráticas. “O ambulatório recebe pacientes provenientes de diferentes cidades do estado. A indicação cirúrgica e a emissão da guia para a cirurgia são feitas no ambulatório e os pacientes devem autorizar o procedimento nas respectivas cidades. Há uma variabilidade em relação ao tempo de espera entre os municípios. A distribuição dos pacientes entre o grupo operado e não operado foi aleatória de acordo com esta questão burocrática”, esclareceu a Dra. Cláudia.

Os resultados mostraram que o fluxo nasal médio aumentou em ambos os grupos, independentemente da cirurgia. Em contrapartida, apenas o grupo submetido à adenoamigdalectomia apresentou redução importante da pressão sistólica da artéria pulmonar. O IAH dos pacientes operados não reduziu significativamente ao longo do tempo, porém, houve tendência de redução. Já nos pacientes não operados esse índice aumentou e depois diminuiu.

Texto completo em: https://portugues.medscape.com/verartigo/6503637