Bebês alimentados com leite materno na mamadeira ganham peso mais rapidamente do que os que mamam no peito, mas não tanto quanto os bebês alimentados exclusivamente com fórmula ou que recebem suplementação com ela, em longo prazo. A conclusão é de um estudo publicado on-line em 24 de setembro, no periódico Pediatrics.
Pesquisas anteriores já sugeriram que a alimentação com fórmula está associada a maiores ganhos de peso entre os lactentes do que o aleitamento materno. Mas há poucos dados sobre como práticas específicas de alimentação infantil, como suplementação com fórmulas para bebês durante a fase de aleitamento materno ou a alimentação com leite materno na mamadeira modificam o ganho de peso. O novo estudo revela que o modo como os lactentes recebem o leite materno faz diferença.
“O aleitamento materno está inversamente associado à velocidade de ganho de peso e ao índice de massa corporal (IMC)”, escreveram Meghan Azad, professora-adjunta de pediatria e saúde da criança na University of Manitobaem Winnipeg (Canadá), e coautores.
“Essas associações estão relacionadas com a quantidade, são um pouco menores quando o leite materno é dado na mamadeira, e substancialmente reduzidas pela suplementação com fórmula depois do período neonatal”.
O novo estudo acompanhou 255 mães e seus bebês no Canadá entre 2009 e 2012 para documentar como o aleitamento materno e outras práticas de alimentação modificam o ganho de peso e o IMC da criança com um ano de idade.
O aleitamento materno exclusivo aos três meses foi associado a ganho de peso mais lento e IMC mais baixo em crianças de um ano do que outros esquemas. A suplementação com fórmula durante pouco tempo após o nascimento ou a introdução de comida sólida antes dos seis meses não reduziu esses benefícios.
No entanto, a suplementação com fórmula mais tarde foi associada a ganho de peso mais rápido e IMC mais alto, acrescentando 0,28 ao escore z médio do IMC e a alimentação exclusiva com fórmula mais tarde levou a ganhos ainda maiores (0,45 escore z do IMC).
Crianças que tomaram leite materno na mamadeira também apresentaram um discreto aumento do ganho de peso (0,12 escore z do IMC).
A população do estudo foi atípica, no sentido de que 97% das mulheres inscritas no estudo Canadian Healthy Infant Longitudinal Development(CHILD) iniciaram o aleitamento materno. As mães fizeram, em média, quatro meses de aleitamento materno exclusivo e informaram, em média, 11 meses de alguma forma de aleitamento.
No editorial que acompanha o estudo, a Dra. Alison Volpe Holmes, professora-adjunta de pediatria da Dartmouth Geisel School of Medicine em Lebanon, New Hampshire (EUA), observou que isto provavelmente reflete a generosa política de licença maternidade canadense, que assegura a licença remunerada por no mínimo de 15 meses e mantém o emprego da mulher por 17 a 52 semanas de licença. Em contraste, os Estados Unidos não garantem licença maternidade remunerada e oferecem apenas 12 semanas de proteção ao emprego para um subgrupo de pessoas que se enquadram no Family and Medical Leave Act.
Disponível em: https://portugues.medscape.com/verartigo/6502840