Jogos de realidade virtual melhoram função motora em crianças com paralisia cerebral



“Quando comparada a outras intervenções, a realidade virtual parece ser uma intervenção eficaz para melhorar a função motora das crianças com paralisia cerebral”, escrevem os autores em artigo on-line publicado em 23 de outubro no periódico Physical Therapy.

“Os jogos de realidade virtual ajudam as crianças com paralisia cerebral melhorar a função do membro superior, a deambulação e o controle da postura”, disse à Reuters Health por e-mail a primeira autora do estudo, a Dra. Yuping Chen, da Georgia State University, em Atlanta.

“A utilização de um sistema de realidade virtual criado por engenheiros pareceu ter um efeito melhor, mas os sistemas de realidade virtual disponíveis comercialmente também produzem algum efeito, e podem ser uma boa alternativa”.

A Dra. Yuping e colaboradores procuraram ensaios clínicos randomizados com crianças com paralisia cerebral publicados até dezembro de 2016, comparando sistemas de realidade virtual e jogos a outras intervenções para esta população – e contendo a descrição dos resultados relacionados com a função motora.

Por fim, sua meta-análise selecionou 19 estudos com 504 crianças, entre 5 e 12 anos de idade.

Os autores criaram um modelo para codificar sistematicamente as variáveis demográficas, metodológicas e outras variáveis de cada ensaio clínico, e usaram os dados do Physiotherapy Evidence Database para avaliar a qualidade do estudo.

Os tipos de realidade virtual foram: Wii da Nintendo, EyeToy da PlayStation, Kinect do Xbox, GestureXtreme, jogos pela internet, e sistemas criados por engenheiros. As sessões de realidade virtual variaram de 20 a 90 minutos, de uma vez por semana a diariamente, durante períodos de quatro a 20 semanas. O total de horas jogando variou de oito a 80 horas.

As intervenções de realidade virtual tiveram um grande tamanho de efeito (d= 0,861) em comparação a outras intervenções. A realidade virtual também teve grande efeito na função dos membros superiores (d = 0,835) e no controle postural (d = 1,003) – e um efeito intermediário a grande na deambulação (d = 0,755).

Os sistemas de realidade virtual criados por engenheiros foram significativamente mais eficazes do que os sistemas comerciais (= 1,572 vs. d= 0,628).

A Dra. Meagan Hainlen médica do Children’s Mercy Kansas City,no Missouri, disse à Reuters Health por e-mail que “Embora estatisticamente o artigo sugira um forte efeito de melhora da função motora nas crianças com paralisia cerebral, como cada ensaio clínico teve uma população diferente, um protocolo de intervenção diferente e medidas de desfechos diferentes, é difícil saber se esses resultados têm relevância prática para as crianças e suas famílias”.

A Dra. Meagan, que não participou do estudo, acrescentou: “Como médicos, estamos sempre ávidos para encontrar novas modalidades de tratamento para ajudar nossos pacientes a superarem as próprias limitações e desenvolver o seu potencial ao máximo. Com a explosão de novas técnicas amplamente disponíveis, este estudo ajuda compreender se alguma dessas técnicas, especificamente os jogos de realidade virtual, pode ser utilizada para melhorar a função motora das crianças com paralisia cerebral”.

“Terapeutas, médicos e familiares estão sempre em busca de maneiras de motivar as crianças a participarem dos próprios tratamentos. Idealmente, o uso de um sistema lúdico pode aumentar o interesse e engajamento delas com o tratamento, ajudando-as a realizar tarefas motoras com mais facilidade do que com a fisioterapia ou a terapia ocupacional convencionais”, disse a neuropediatra.

Os autores e a Dra. Meagan Hainlen informaram não possuir conflitos de interesses pertinentes ao estudo.

Disponível em: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501804