A vacina contra o rotavírus, que protege contra o principal agente causador de diarreia em crianças, está em falta em várias unidades básicas de saúde do Rio. Naquelas em que os estoques já estão zerados, devido a uma falha no processo de produção do imunizante no laboratório Biomanguinhos (Fiocruz), funcionários estão cadastrando os pais para posterior convocação, quando a situação estiver normalizada.
De acordo com a coordenação do Programa Municipal de Imunização (PMI), da Secretaria municipal de Saúde do Rio, a vacina contra o rotavírus está sob análise junto ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e, em todo o território nacional, há situação de irregularidade temporária no abastecimento. O problema foi relatado aos municípios por meio da Nota Informativa número 53 do Ministério da Saúde (Agosto/2017), responsável pela compra e pelo envio de vacinas aos estados e municípios.
O Ministério da Saúde esclarece que o atraso nas entregas ocorreu por um problema no equipamento que realiza o teste de vazamento na vacina, produzida pelo laboratório Biomanguinhos, da Fiocruz. “A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por precaução, suspendeu a sua distribuição”, informa, por meio de uma nota, o ministério. A pasta afirma ainda que, para contornar o problema, o “laboratório recorreu a um produtor internacional, devidamente registrado na Anvisa”.
Dessa forma, segundo o Ministério da Saúde, será distribuída, nesta semana, nova remessa da vacina, um total de 265,9 mil doses. Desse montante, 20,4 mil serão para o estado do Rio de Janeiro. Segundo a pasta, 3,1 milhões de doses do imunizante já foram enviados aos estados este ano.
A primeira dose deve ser aplicada até no máximo 3 meses e 15 dias
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o rotavírus continua sendo o principal agente causador de diarreia na criança, a despeito da ampla utilização de vacinas nos programas públicos de vacinação em todo o mundo. No Brasil, a vacina monovalente foi introduzida no Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2006, e a segurança da vacina está bem documentada em diferentes estudos pré e pós-licenciamento.
Existem duas vacinas contra o rotavírus disponíveis no Brasil. O calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) esclarece que a vacina monovalente (VR1), que está disponível nos postos de saúde, é aplicada em duas doses, seguindo os limites de faixa etária: primeira dose aos 2 meses (limites de 1 mês e 15 dias até no máximo 3 meses e 15 dias), e a segunda dose aos 4 meses (limites de 3 meses e 15 dias até ́no máximo 7 meses e 29 dias).
Ainda de acordo com o calendário da SBP, a vacina pentavalente (VR5), disponível na rede privada, é indicada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses. A primeira dose deverá ser administrada no máximo até 3 meses e 15 dias, e a terceira dose deverá ser administrada até ́no máximo 7 meses e 29 dias. O intervalo mínimo é de quatro semanas entre as doses. Recomenda-se completar o esquema da vacina do mesmo laboratório produtor.
— Para ambas as vacinas, a primeira dose pode ser feita a partir de 6 semanas de vida e, no máximo, até 3 meses e 15 dias. Já as crianças que iniciaram a vacinação com a VR1 e que, por desabastecimento, não puderem receber a segunda dose da mesma, podem dar continuidade em seu esquema de vacinação contra o rotavírus com a administração de duas doses da VR5, respeitando-se o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses e a idade limite para a administração da última dose (7 meses e 29 dias) — esclarece Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).